Em visita de Estado a Jacarta nesta quinta-feira (23/10), Brasil e Indonésia assinaram uma série de memorandos e acordos de cooperação para ampliar comércio, investimentos e intercâmbio tecnológico. No mesmo ato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que será candidato em 2026, em fala ao lado do presidente indonésio Prabowo Subianto. As duas capitais projetam relação mais intensa entre economias que, juntas, somam quase meio bilhão de habitantes.

O que foi assinado: agricultura, energia, mineração, ciência e mais

Segundo o Planalto, os documentos assinados envolvem cooperação em medidas sanitárias e fitossanitárias e certificação (agro), além de energia e mineração, ciência e tecnologia, estatística e promoção comercial. A agenda retoma a Parceria Estratégica e mira elevar o fluxo bilateral — que, nas últimas duas décadas, cresceu de cerca de US$ 2 bilhões para US$ 6,3–6,5 bilhões — para patamares condizentes com o potencial dos mercados. No anúncio, Prabowo também sinalizou incluir o português entre as línguas prioritárias no sistema educacional indonésio para facilitar negócios.

Na frente geopolítica, os presidentes destacaram convergência no BRICS, defesa do multilateralismo e críticas ao protecionismo, além de apoio à reforma do Conselho de Segurança da ONU e à busca de uma solução de dois Estados para o conflito em Gaza. Também mencionaram avaliar uso de moedas locais no comércio bilateral.

Impactos e próximos passos: comércio, defesa e corrida eleitoral

Do ponto de vista econômico, os acordos abrem espaço para destravar exportações agro (com mais previsibilidade sanitária), projetos em transição energética e minerais críticos e iniciativas em P&D com empresas e universidades. Na defesa, Lula ressaltou a base industrial brasileira e a disposição de cooperar com as necessidades estratégicas da Indonésia, enquanto os dois governos miram aumentar o comércio para dois dígitos de bilhões nos próximos anos.

Politicamente, a viagem ganhou peso com a confirmação de Lula de que disputará um quarto mandato em 2026 — informação reiterada por agências internacionais após a declaração em Jacarta. A decisão injeta combustível na pré-corrida eleitoral no Brasil e tende a manter o tema de política externa na vitrine, dada a ênfase do governo em diversificar parceiros no Sul Global.