A Microsoft começou a testar uma versão gratuita do Xbox Cloud Gaming (xCloud) com anúncios, segundo reportagens confirmadas pela própria empresa a veículos internacionais. A ideia é oferecer acesso a jogos na nuvem sem assinatura mensal — justamente no momento em que o Game Pass ficou mais caro e mudou de planos no mundo todo. No Brasil, o novo Game Pass Ultimate passou para R$ 119,90 por mês, mais que o dobro do valor que muitos pagavam há poucos meses, enquanto as categorias foram rebatizadas (Essential, Premium e Ultimate) e tiveram catálogo e benefícios separados.

Esse teste interno do xCloud gratuito mostra a estratégia da Microsoft após o reajuste: segurar o público que não quer (ou não consegue) pagar assinatura e, ao mesmo tempo, empurrar o ecossistema Xbox para telas além do console — celular, navegador, TV e PC fraco.

Como seria o xCloud gratuito: anúncios, limite de tempo e catálogo reduzido

De acordo com fontes ouvidas pelo The New York Times e pelo The Verge, a Microsoft está avaliando um modelo em que o jogador assiste a cerca de 2 minutos de propaganda em vídeo antes de iniciar cada sessão de jogo na nuvem. Depois desse bloco de anúncio (pré-roll), o usuário ganharia uma janela de jogo de até 1 hora.

Há também um teto mensal em teste: até 5 horas grátis por mês, funcionando como “amostra” do serviço. A empresa ainda não garante que esses limites serão os mesmos na versão pública, mas essa é a configuração que está circulando hoje entre funcionários.

O catálogo desse plano gratuito seria controlado. Segundo os vazamentos, entrariam:

  • Alguns jogos selecionados do ecossistema Xbox;
  • Títulos que fazem parte das promoções “Dias para Jogar de Graça” de fim de semana;
  • Jogos retrô do Xbox Classics (catálogo antigo/legado);
  • E, ponto interessante, a possibilidade de streaming de jogos que você já comprou, sem precisar instalar localmente.

Ou seja: não é “tudo do Game Pass de graça”. É um recorte controlado + publicidade em troca do acesso via streaming. Isso aproxima games do mesmo formato adotado em música e vídeo (Spotify grátis com anúncio, Netflix com plano mais barato apoiado em publicidade), mas agora aplicado a gameplay em nuvem.

A qualidade técnica também muda. Hoje, quem paga o plano mais caro (Ultimate) já consegue transmitir jogos selecionados em até 1440p e bitrate de até 30 Mbps, em regiões onde o recurso está liberado. Planos intermediários (Premium / Essential) limitam a nuvem a cerca de 1080p e ~12 Mbps. No modo grátis com anúncios, a tendência é vir algo ainda mais modesto — resolução e bitrate reduzidos — justamente para incentivar o upgrade.

Por que isso importa para o mercado e para o jogador

A grande mensagem da Microsoft é clara: o Xbox não quer depender só de console vendido. A empresa quer que você entre no ecossistema de qualquer tela que você já tem, mesmo que você não pague nada no começo. Esse funil faz sentido agora porque:

  • O Game Pass encareceu e muita gente cancelou após o salto de preço;
  • A Microsoft precisa continuar mostrando crescimento de base ativa para justificar a compra de estúdios e catálogos grandes (como Activision Blizzard);
  • Concorrentes como Nvidia GeForce Now já oferecem nível grátis limitado, então existe pressão competitiva;
  • Mercados emergentes (Brasil incluído) têm barreira de entrada no preço mensal — um plano com anúncios pode ser a porta de entrada.

Além disso, executivos da divisão Xbox vêm repetindo um discurso: o adversário não é só “PlayStation vs Xbox”, e sim qualquer coisa que roube atenção — TikTok, streaming, YouTube, futebol ao vivo, etc. Se o xCloud grátis virar produto oficial, ele coloca a Microsoft disputando tempo de tela diretamente com qualquer outro app de entretenimento do seu celular.

Serviço rápido: A Microsoft está testando um xCloud gratuito com anúncios, sessões de até 1 hora e limite mensal, catálogo reduzido e qualidade de streaming abaixo do plano pago. O movimento vem logo após o Game Pass ser reajustado e dividido em novos planos, com o Ultimate batendo R$ 119,90/mês no Brasil.